"Na tarde antes do Dia de Todos os Santos no ano de Nosso Senhor 1517"*, o professor e padre Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do castelo de Wittenberg (na atual Alemanha), um convite para que fossem discutidas 95 teses sobre as indulgências. Esse episódio, marco do que veio a ser conhecido como Reforma Protestante, é hoje comemorado em igrejas protestantes históricas em todo o mundo.
Como em todos os anos, desde que descobri que esse dia existia, eu comemoro sozinho a memória dos reformadores e medito sobre suas ideias e, assim, vou reafirmando minha convicção de que eu sou um protestante.
Ironicamente, apesar de ter nascido e crescido numa igreja evangélica, foi na adolescência, convivendo
31 de outubro de 2012
23 de outubro de 2012
Deus acredita em mim?
Em abril desse ano eu vi esse CD à venda numa loja de varejo. O título, imediatamente chamou minha atenção e, como costumo fazer quando quero me lembrar de alguma coisa, tirei uma foto. Apenas agora, seis meses depois, resolvi ouvir a música que dá título ao CD. A letra nem é tão ruim quanto eu imaginava, mas essa afirmação, a de que Deus acredita em mim, me incomodou desde que vi o CD e continua me incomodando.
Me incomoda ler essa frase e me atentar ao fato de que, todos os domingos, cristãos do mundo todo proclamam
Me incomoda ler essa frase e me atentar ao fato de que, todos os domingos, cristãos do mundo todo proclamam
15 de outubro de 2012
Não vivemos numa teocracia
Tenho visto muitos líderes de religiosos (sim, "de religiosos", pois muitos desses líderes não são religiosos, mas empresários da fé e chefes de quadrilhas organizadas travestidas de igrejas) fazendo alianças políticas que nada mais são do que madeira podre envernizada.
Um apoia político "A" em troca de alvará de construção de templos faraônicos. Outro apoia candidato "B" em troca de regularização de igrejas instaladas em locais que não poderiam ser usados nem como depósito de entulho. Há ainda o que apoia candidato "C" como estratégia de combate aos impérios "religiosos" dos que apoiam os candidatos "A" e "B". Estou farto de ver tanta gente usando a religião para votar e ser votado.
Viver num estado laico não é viver num estado antirreligião, mas também não é viver num estado que deixa de defender o bem-estar social para favorecer religião "A" ou "B". No estado laico, se há demanda, questões como o casamento civil de homossexuais, a regulamentação do comércio e uso de drogas, a descriminalização do aborto, a legalização da prostituição não podem ser ignoradas. Um governante governa para o povo e não apenas para os religiosos.
Não é no voto que os religiosos vão impedir que as mulheres abortem ou que os jovens se droguem. Não está na urna a chave para tirar nossas garotas da prostituição. Vocês já ouviram as palavras do Nazareno! Vocês têm os exemplos de muitos religiosos admiráveis que influenciaram o mundo com gestos de amor e caridade e, até mesmo com política, combatendo o preconceito em vez de alimentá-lo com ódio e descaso.
É claro que, como cristão, tenho minhas convicções e ressalvas relacionadas a alguns dos temas supracitados. Mas eu não vivo numa teocracia! E se vivesse, não seria uma teocracia de fato, ou seja, não estaríamos num país governado por Deus, mas por homens arrogantes e prepotentes capazes de qualquer coisa, supostamente, em nome de Deus.
Olhe para a nossa História e me diga: em que momento nossas teocracias foram boas? Escravizamos seres humanos, matamos pessoas que queriam apenas o direito de pensar, afastamos as mulheres das escolas, demonizamos outras sociedades, queimamos livros importantes, proibimos os negros de entrarem nas igrejas. Posso estar enganado (embora acredite que não estou), mas isso não é um governo ("cracia") de Deus ("teo").
Estou certo de que, se você, irmão, é um ocidental, você se escandaliza com as barbáries promovidas pelas teocracias islâmicas. Se sua resposta for afirmativa, não há razão para que você acredite que seria diferente se fossem cristãos. Repito, nossa História é prova de que não fomos capazes de cumprir o chamado de amar a Deus e ao próximo.
Lembro-me de um judeu que ficava feliz ao ver crucifixos em repartições públicas do Brasil, pois aqui ele não era obrigado a reverenciá-los. Aí está a importância do estado laico. Somos livres para manter nossas convicções tendo como único limite o respeito às convicções alheias. Não precisamos aceitar como bom ou como normal o que não queremos, ou o que nossa consciência não permite. Mas temos que respeitar a todos pelo que são, ou seja, seres humanos.
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A ilustração foi retirada de http://blogs.estadao.com.br/
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30 de julho de 2012
Vamos ouvir o português?
Tenho o costume de acompanhar os comentários das pessoas quando leio alguma notícia ou assisto a vídeos pela internet. A velocidade com que as coisas acontecem e a possibilidade de interação, faz dela um meio de comunicação de mão dupla, diferentemente da televisão, por exemplo, em que vemos uma notícia e, na maioria das vezes nossas opiniões se limitam aos cômodos das nossas casas.
Com isso, tenho observado comportamentos muito interessantes, possíveis graças ao anonimato que a internet nos proporciona. Um desses comportamentos está relacionado à reação dos brasileiros diante da língua portuguesa falada do outro lado do Oceano Atlântico, sobretudo pelos portugueses.
Primeiramente, acho necessário que tenhamos em mente o conceito de "inteligibilidade mútua" entre idiomas.
Entende-se por inteligibilidade mútua a capacidade que os
Com isso, tenho observado comportamentos muito interessantes, possíveis graças ao anonimato que a internet nos proporciona. Um desses comportamentos está relacionado à reação dos brasileiros diante da língua portuguesa falada do outro lado do Oceano Atlântico, sobretudo pelos portugueses.
Primeiramente, acho necessário que tenhamos em mente o conceito de "inteligibilidade mútua" entre idiomas.
Entende-se por inteligibilidade mútua a capacidade que os
2 de maio de 2012
Amor incompreensível
Quem inventou o ditado "quem tem um filho, não tem nenhum" não tinha amor por seus filhos. Se tivesse, saberia que, não importa quantos filhos se tem, pois um filho nunca substitui outro. Hoje, como de costume, cheguei em casa, depois do serviço, e sentei-me à mesa com minha esposa e meu filho para tomarmos um cafezinho com pão.
Enquanto comíamos, coloquei no som um CD que eu já conhecia bem, mas ouvi uma das músicas de maneira diferente hoje. A história é a clássica parábola da ovelha perdida descrita no capítulo 15 do Evangelho de Lucas. Além da Bíblia, muitos evangélicos conhecem bem essa história através do clássico hino "Eram Cem Ovelhas".
Gosto muito de músicas que contam histórias. Alguns autores têm um dom especial de acrescentar a histórias famosas sentimentos e pensamentos que não foram registrados. De repente, são pensamentos
Enquanto comíamos, coloquei no som um CD que eu já conhecia bem, mas ouvi uma das músicas de maneira diferente hoje. A história é a clássica parábola da ovelha perdida descrita no capítulo 15 do Evangelho de Lucas. Além da Bíblia, muitos evangélicos conhecem bem essa história através do clássico hino "Eram Cem Ovelhas".
Gosto muito de músicas que contam histórias. Alguns autores têm um dom especial de acrescentar a histórias famosas sentimentos e pensamentos que não foram registrados. De repente, são pensamentos
28 de abril de 2012
A Recompensa
Essa é a história de um casal de missionários que, juntos, dedicaram 50 anos de suas vidas trabalhando para Deus nos lugares mais inóspitos, estando sujeitos ao mais atroz sofrimento.
Depois de 50 anos, eles foram jubilados e enviados de volta para o seu país de origem. No navio que os trouxe de volta, eles ficavam imaginando como e com que honras seriam recebidos de volta, depois de 50 anos, uma vida inteira.
Enquanto o navio se aproximava do porto, eles viram muitas bandeiras, fanfarra, uma festa preparada.
- Eles estão prontos para nos receber de volta - dizia o casal de missionários.
Depois de 50 anos, eles foram jubilados e enviados de volta para o seu país de origem. No navio que os trouxe de volta, eles ficavam imaginando como e com que honras seriam recebidos de volta, depois de 50 anos, uma vida inteira.
Enquanto o navio se aproximava do porto, eles viram muitas bandeiras, fanfarra, uma festa preparada.
- Eles estão prontos para nos receber de volta - dizia o casal de missionários.
27 de março de 2012
Eu e os downloads...
A Banda Resgate disponibilizou seus álbuns antigos para venda na iTunes Store. Cada álbum custa entre US$7,99 e US$8,99 (a loja brasileira vende em dólares), ou seja, algo entre R$15,30 e R$17,40, já contando o IOF. Esses preços não são muito diferentes da média de preços dos álbuns na iTunes Store.
Aproveitando isso, compartilho com vocês não só o link para a loja de músicas por download mais famosa e bem sucedida do mundo, mas uma dificuldade que eu tenho com a venda de músicas ou vídeos por download.
Aproveitando isso, compartilho com vocês não só o link para a loja de músicas por download mais famosa e bem sucedida do mundo, mas uma dificuldade que eu tenho com a venda de músicas ou vídeos por download.
22 de março de 2012
29 de fevereiro de 2012
TV, a janela de Satanás
Quando eu era criança, há uns 20 anos (nossa, quanto tempo!), as pessoas da igreja que eu frequentava acreditavam que assistir à televisão era pecado. Lembro-me, inclusive, de ver uma mulher cantando uma música que dizia que a TV é a janela de Satanás. Apesar disso, eu tinha TV em casa (só agora me toquei que minha família era subversiva!). Com o passar dos anos, as pessoas foram perdendo essa visão tão radical com relação à TV. Hoje, várias igrejas usam a TV como meio de comunicação. E só agora é que eu consigo perceber o tal diabo.
27 de fevereiro de 2012
Obrigado, Dom Robinson Cavalcanti!
Acordei hoje com a notícia da morte do Revmo. Dom Robinson Cavalcanti, bispo da Diocese Anglicana do Recife. Dom Robinson foi assassinado ontem a noite, 26/02/2012, por seu filho, que viveu nos Estados Unidos por 10 anos e, há 15 dias, estava de volta ao Brasil, após ter sido deportado por envolvimento com drogas. Mais detalhes sobre o ocorrido pode ser visto no UOL e no G1 Pernambuco.
A primeira vez que ouvi falar do Dom Robinson foi numa época em que eu pensava que anglicanismo era algo que só existia nos livros de História. Nascido e criado em berço pentecostal, me chamou atenção aquela figura com camisa roxa, gola clerical e cruz pendurada no pescoço nas páginas de uma revista evangélica. Podia ser um clérigo da Igreja Romana, mas o que ele estaria fazendo numa matéria dedicada a "celebridades evangélicas"? Fiquei surpreso ao ler, no rodapé da foto que ele era bispo da Igreja Anglicana.
25 de fevereiro de 2012
Enciclopédia da Ignorância Teológica
Em 2004, época em que eu era um assíduo participante de debates na internet através das listas de e-mail do Yahoo! Groups, eu compartilhei com um grupo de anglicanos um pequeno artigo do Philip Yancey chamado "Enciclopédia da Ignorância Teológica". O artigo foi publicado em novembro de 2001, na última página da Revista Enfoque Gospel. Pra mim pelo menos, o texto foi uma lição de como lidar com questões cuja importância para a vida espiritual é secundária e, em alguns casos, até irrelevantes. Pretendo, um dia, com mais calma, falar sobre alguns desses assuntos que, creio eu, são irrelevantes mas que, para maioria esmagadora dos evangélicos (e até mesmo para alguns católicos) são tratados como essenciais. Por enquanto, deixo aqui apenas o texto para reflexão.
"Eu sou o orgulhoso proprietário de um "Dicionário Oxford", que contém todas as palavras da língua inglesa. No lugar de uma
"Eu sou o orgulhoso proprietário de um "Dicionário Oxford", que contém todas as palavras da língua inglesa. No lugar de uma
1 de fevereiro de 2012
Apenas um exemplo da fé irracional
Acabo de ler sobre um episódio triste envolvendo um jovem em Goiânia que teve 70% do seu corpo queimado por um motivo que me deixa envergonhado: ele voou com uma asa só. "Como assim, João?
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