2 de maio de 2012

Amor incompreensível

Quem inventou o ditado "quem tem um filho, não tem nenhum" não tinha amor por seus filhos. Se tivesse, saberia que, não importa quantos filhos se tem, pois um filho nunca substitui outro. Hoje, como de costume, cheguei em casa, depois do serviço, e sentei-me à mesa com minha esposa e meu filho para tomarmos um cafezinho com pão.

Enquanto comíamos, coloquei no som um CD que eu já conhecia bem, mas ouvi uma das músicas de maneira diferente hoje. A história é a clássica parábola da ovelha perdida descrita no capítulo 15 do Evangelho de Lucas. Além da Bíblia, muitos evangélicos conhecem bem essa história através do clássico hino "Eram Cem Ovelhas".

Gosto muito de músicas que contam histórias. Alguns autores têm um dom especial de acrescentar a histórias famosas sentimentos e pensamentos que não foram registrados. De repente, são pensamentos
que nem ocorreram exatamente como nessas músicas, mas tenho um fascínio por elas, pois me transportam para aquele momento, para a pele daquela personagem, como quando lemos um livro e entramos na história.

Foi mais ou menos isso que aconteceu hoje, ao ouvir a música "Estima", de autoria de Stênio Marcius. Não me lembro de ter ouvido alguém narrar essa história com tanta profundidade, apresentando um pastor amoroso, aflito pela ausência de apenas uma, entre tantas ovelhas, e disposto a enfrentar todo tipo de perigo para trazê-la de volta, não porque a visse como algum tipo de produto, mas motivado por um amor incompreensível.



Um lamento de cortar o coração
Ecoou no vale, todo mundo ouviu.
Um pastor, aflito, conta e reconta sem querer acreditar,
Falta uma ovelha sua no curral.
Comovido vai em busca de encontrá-la.
Ela é fraca e tola, mas ele a estima.
Sobe e desce morro, mil perigos,
Vai exausto, sem jamais perder
A ternura quando chama o nome dela.

Por lugares tortos e sombrios,
Sofre quando a imagina ali.
Fosse outro encerraria a busca,
Mas incompreensivelmente a ama.
E, no fim da madrugada, a encontra
Ferida e assustada, mas com vida.
E desce a ribanceira, como aos vinte anos,
E a toma, com cuidado, sobre os ombros fartos.

Que alarido é esse no amanhecer?
É o pastor fazendo festa no arraial,
Como se tivesse achado
O maior tesouro que jamais se viu.
É só uma ovelha,
Mas como a estima!

Cada vez que ouço suas canções, cresce minha admiração pelo Stênio Marcius. Pra mim, ele é um exemplo, cada vez mais raro, de cristão que não faz música apenas para entreter uma massa disposta a consumir tudo que tenha "Deus" no rótulo e nada no conteúdo.

"Se não tem quem ouça, canta assim mesmo" (Stênio Marcius). Continue cantando, Stênio!

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