11 de março de 2013

Malafaia de frente com Gabi

Quando vi a chamada do programa “De Frente com Gabi” com Silas Malafaia, tive maus pressentimentos! Particularmente, há alguns anos venho alimentando em mim uma certa ojeriza pelo discurso do Silas, sobretudo no que diz respeito à Teologia da Prosperidade. Como eu esperava, o tema foi tratado durante o programa e, sem surpresas, ele defendeu suas pregações de prosperidade com todo tipo de malabarismo “teológico”.

Mas o foco do programa não era esse. De forma estratégica, os responsáveis pelo programa usaram a maior parte do tempo em questões relacionadas à homossexualidade e ao papel do
Silas Malafaia na luta contra a aprovação do Projeto de Lei nº 122, que criminaliza a homofobia.

Não quero, aqui, discutir homossexualidade nem julgar quem está certo ou errado. Quero antes dizer que, mesmo com toda discordância que tenho com a pregação falaciosa do Silas Malafaia, com o tom agressivo do seu discurso e com suas estatísticas irresponsáveis, penso que a repercussão que teve esse episódio se deu pelo mesmo crime do qual ele é acusado: intolerância.

Após a entrevista, o que mais se viu pelas redes sociais foi, de um lado, crentes em êxtase pela “excelente” entrevista do pastor que não tem medo de falar a verdade e, do outro, a turma pró-LGBT revoltada, reclamando e, ao mesmo tempo, fazendo piadas com charges de todo tipo. Criaram até site satirizando as estatísticas do Malafaia.

Aos crentes, quero dizer que não achei a entrevista essa Coca-Cola toda, mas admito, estranhamente, que foi menos ruim do que eu imaginei. Aos demais, gostaria de alertá-los a um fato importante: os evangélicos não têm um representante legal. Silas Malafaia (e tantos outros que estão em evidência) não nos representa. Apesar da sua forte influência, ele não pode falar por todos os outros e seu discurso não reflete, necessariamente, a opinião de todos. Há, no entanto, pontos do seu discurso que considero interessantes e que podem não ter ficado claros por causa do seu jeitão agressivo de falar.

O que o Silas Malafaia defende, e com isso eu preciso concordar, é a manutenção de um direito que já está na Constituição, ou seja, a liberdade de expressão e de culto. Não só evangélicos, mas outros ramos do cristianismo, como a Igreja Católica Romana e as Igrejas Ortodoxas também consideram a prática homossexual como pecado.

A intolerância a que me refiro começa quando se faz o que é muito comum, inclusive dentro das igrejas: confundir o agente com a ação, o que fazemos com quem somos, o pecado com o pecador. Sou pecador, mas não sou o pecado que cometo. Tenho que ser amado pelo que sou e não desprezado pelo que faço.

Concordo que o Silas Malafaia foi infeliz quando colocou no mesmo barco homossexuais e bandidos. Ele disse o que deveria dizer, mas do jeito errado. Entendo que ele deveria ter deixado claro que, para o cristão, não pode haver distinção entre as pessoas. Não podemos, segundo os ensinamentos bíblicos, agir com discriminação e deixar de amar alguém por fazer algo condenável segundo a fé. Por outro lado, o cristianismo tem um caráter proselitista e não pode se calar diante de temas que considera importantes, como pecado e arrependimento.

Em síntese o que quero dizer é que, para um cristão, não há problema em ser homossexual, mas a prática sexual entre pessoas do mesmo sexo é pecado e o discurso religioso tende a condená-la como tal. Para alguns homossexuais, Deus não está preocupado com o que fazemos ou deixamos de fazer com nossas zonas erógenas. Outros nem acreditam na existência de um deus. E quem está certo? Pra mim, está certo quem conseguir agir, de fato, com tolerância, afinal, ninguém é obrigado a concordar com a opinião alheia, mas todos temos que nos respeitar no direito de ter uma opinião.
 

Publicado originalmente no Massa Crente.

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